2015 – Com Todas As Letras
  • Lixo e Purpurina com Adriana Calcanhotto
  • Felizes para sempre
  • Olho Mágico com Luis Fernando Verissimo
  • Piscina
  • 28 escovas de dentes
  • Pingos nos is
  • Lado a lado
  • Cansado de ser feliz
  • Mistérios do Bule Monstro
  • Rochas com Paulo Scott
  • Vinte e oito escovas de dentes com Daniel Galera
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Apresentação

Porto Alegre, anos 70. Caio Fernando Abreu lançando seus primeiros livros. Nós, Kleiton & Kledir, gravando nossos primeiros discos com Almôndegas. Foi nessa época que, entusiasmados, começamos a conversar sobre a ideia de fazer uma música em parceria. A vida nos levou para lugares diferentes, distantes, mas sempre que nos encontrávamos o assunto era o mesmo: “E a nossa música?”

Anos 90. Caio estava lançando Ovelhas Negras e um dos textos do livro falava exatamente sobre o tema que queríamos retratar. Era o toque que faltava. Começamos a esboçar a melodia e Caio se dedicou a reescrever a ideia em forma de letra de música. Fomos trocando figurinhas e finalmente nasceu a canção
que tínhamos passado mais de 20 anos tentando fazer. Lixo e Purpurina fala da nossa geração, nós os que nascemos com um trânsito de Netuno no signo de Libra. Uma geração que detonou com todos os tabus de comportamento e sonhou com um mundo de paz e amor.

Caio foi embora e por muito tempo guardamos a música com carinho, sem saber muito bem o que fazer com ela.

A ideia que surgiu foi este projeto. Com o auxílio luxuoso de Luís Augusto Fischer na curadoria, convidamos escritores contemporâneos – gaúchos como nós – e propusemos a eles o desafio de repetir
a experiência do Caio: escrever versos para uma canção. O resultado é surpreendente. E original. Gente da palavra escrita escrevendo palavras para serem ouvidas.

O processo foi mais ou menos o mesmo para todos. Um primeiro encontro para entender o gosto musical do escritor. A partir dessa referência, procuramos criar uma música que refletisse isso e enviamos para que escrevesse uma letra. Em geral, na medida em que foram chegando os textos, foi preciso fazer um trabalho de lapidação para poder encaixar as letras na melodia, segundo as regras da canção popular: métrica, prosódia e rima. Processo delicado, pois tínhamos consciência de que estávamos mexendo com pedras preciosas.

Surgiram temas variados, personagens raros, histórias únicas. Martha Medeiros, que já foi diagnosticada como portadora de felicidade crônica, escreveu sobre tomar a iniciativa e determinou: “É hoje que eu sou feliz!”. Claudia Tajes imaginou uma história de amor com começo, meio e fim que durava apenas uma noite. Fabrício Carpinejar inventou um personagem atrapalhado, sufocado por tanta felicidade, cansado de ser feliz.

Alcy Cheuiche escreveu versos escancarados em que um pai abençoa a relação de amor de sua filha com outra mulher. Leticia Wierzchowski enxergou seu reflexo no próprio filho, através da paixão comum pela natação. Retratos originais das famílias do nosso tempo. Lourenço Cazarré, pelotense como nós, trouxe à tona lembranças de infância com mistérios, fantasmas, loucos de rua e molecagens sem fim. Histórias que certamente caberiam dentro do “bule monstro” que ficava pendurado na fachada de uma loja, na esquina da
Sete com a Andrade Neves.

Paulo Scott escreveu sobre um cara que tenta estabelecer as bases de um novo relacionamento, com os encontros e desencontros que fazem parte do dia a dia. Sua paixão pelo hip-hop transbordou os limites dos versos cantados e surgiu também um texto falado, próprio do “ritmo e poesia”.

Com Daniel Galera foi um pouco diferente. Partimos de alguns esboços musicais que ele havia criado e inventamos uma melodia para um deles, Ventotto Spazzolini da Denti. O título em italiano remetia a um antigo conto que ele havia escrito, em que um casal briga por causa de uma escova de dentes. Na letra, por fim, entrelaçando ainda mais os universos de música e literatura, Galera reconta a história da briga do casal, agora ambientada no verão escaldante de 2014 em Porto Alegre.

Luis Fernando Verissimo, por sua vez, entrou por um olho mágico e descobriu que há um outro mundo por trás desse que se vê. Uma viagem lírica, uma revelação, um olhar poético e iluminado sobre as
entrelinhas da natureza humana.

Alguns autores sugeriram musicarmos poesias que já estavam prontas, mas insistimos com a ideia de que deveriam escrever “palavras para serem ouvidas”. Foi um enorme desafio. Como diz Verissimo em seu depoimento, escrever “letra de música é outra coisa”. Somos agradecidos a todos pela coragem e generosidade de aceitarem participar dessa aventura. A contribuição que trouxeram é inestimável.

São escritores que dominam com talento a prosa de ficção e abriram mão da segurança para participar de um vôo no escuro, sem rede. Ou melhor, uma rede frágil sustentada por dois guris do interior do Rio Grande que sempre gostaram de ler e cantar.

Compor com estes autores que tanto admiramos foi um privilégio. Estamos muito felizes. Caio deve estar sorrindo.

Ficha Técnica

um projeto de KLEITON & KLEDIR

curador Luís Augusto Fischer
direção de produção Branca Ramil
produção executiva João Schmidt
captação Kleiton Ramil
produção administrativa Beatriz Araújo
assistente de produção Fabiana Costa
assist. de produção administrativa Juliana Silva
livro idealizado por Marcos Eizerik

CD / LP
produzidos por Christiaan Oyens
concepção musical Christiaan Oyens + Kleiton & Kledir
arranjos vocais Kleiton Ramil
gravado por Fabricio Matos / Toca do Bandido, Rio de Janeiro
assistente de gravação Leo Ribeiro
gravações adicionais Dunga / Quase 9 e Christiaan
Oyens / Spelunca, Rio de Janeiro
Tiago Becker / Soma, Porto Alegre
mixado por Alvaro Alencar / Musa NY, Nova York
masterizado por Ezio Filho no Audiolume / RJ
TODAS AS MÚSICAS EDITADAS EM PANDORGA (Universal MGB)
Gravado e mi xado em novembro /dezembro 2014

documentário / DVD
direção e roteiro Gustavo Fogaça
produção Santa Transmedia
direção de fotografia, montagem e finalização Leo Coutinho
operadores de câmera Dudu Chamon, Érico Cazarré, Leo Coutinho,
Gustavo Fogaça, Julia Maria Ferreira, Mastrangelo Reino, Samir Barcelos

 

 

Projeto gráfico
direção de arte Felipe Taborda
caligrafias Cláudio Gil
design Augusto Erthal
assistente de design Talita Garcia
fotos arquivo K&K
exceto
Rodrigo Lopes (Kleiton & Kledir pág. 7)
Adriana Franciosi (Caio Fernando Abreu, pág. 51)
Dunga (selfie, pág. 57)

Agradecimentos
Marcos Eizerik / PFC, pessoal da CUB, Gráfica Centhury, Francisco
Velnecker / Mão Santa, Luis Augusto Krause e Adriana Franciosi

parceiros de K&K
PFC – Propaganda Futebol Clube
CUB
HIT Digital
Lunetterie

Dominus Luthier
Up Rights

uma realização Biscoito Fino 2015
direção geral Kati Almeida Braga
direção artística Olivia Hime
gerência de produção Karolina Ávila
coordenação de produção Diego Lara
assistente de produção Jullie Steffanine