Com todas as letras

Com todas as letras é um projeto original que faz uma aproximação da literatura com a música popular. Autores de prosa de ficção trazendo um novo olhar, uma outra perspectiva poética e temática. Uma contribuição preciosa.

Tudo começou nos anos 70 quando, ainda jovens, Kleiton & Kledir e o escritor Caio Fernando Abreu planejaram compor uma canção. “Lixo e Purpurina” levou 20 anos para ser feita e mais 20 para ser gravada. Foi o ponto de partida deste projeto e serviu de inspiração para todas as novas parcerias que surgiram. São canções inéditas, criadas por K&K e grandes nomes da literatura gaúcha contemporânea que nunca haviam escrito uma letra de música: Luis Fernando Verissimo, Martha Medeiros, Fabrício Carpinejar, Leticia Wierzchowski, Daniel Galera, Paulo Scott, Claudia Tajes, Alcy Cheuiche e Lourenço Cazarré.

O repertório nascido dessa experiência singular foi registrado em disco produzido por Christiaan Oyens e vem recheado de participações muito especiais. Adriana Calcanhotto e Kleiton & Kledir cantam juntos pela primeira vez – um encontro inédito para gravar a canção que os irmãos fizeram com Caio F. E mais, alguns dos autores participaram das gravações de suas faixas: Luis Fernando Verissimo entrou em estúdio e fez um belo solo de sax, Daniel Galera tocou violão e guitarra, Paulo Scott soltou a voz num texto falado.

O disco é um lançamento da gravadora Biscoito Fino e inclui um filme documentário dirigido por Gustavo Fogaça mostrando cenas das gravações, depoimentos e os encontros com os escritores durante o processo de criação. Além do formato CD+DVD, foi produzida também uma “edição especial limitada” com LIVRO DE ARTE + LP + CD + DVD documentário, além de um HOT SITE com o registro digital de todo o projeto.

 Um espetáculo inédito de Kleiton & Kledir esteve em turnê por várias cidades e incluiu palestras/bate-papos em universidades, com K&K falando sobre o processo de criação das canções do disco. O projeto contou com a curadoria de Luís Augusto Fischer, escritor, ensaísta e professor do Instituto de Letras da UFRGS.

O LIVRO DE ARTE, uma criação do designer gráfico Felipe Taborda, traz fotos, depoimentos dos escritores e uma interpretação caligráfica de cada canção, feitas por calígrafos de várias partes do mundo: • Gabriel Meave, México • Volnei Matté, Brasil • Claudio Gil, Brasil • Alexandre Salomon, Brasil • Roberto de Vicq de Cumptich, USA • Juliana Zarattini + Marina Rosso, Brasil • Alejandro Paul, Argentina • Jaime de Albarracin, Peru • João Brandão, Portugal • Guilherme Menga, Brasil.

Depois de ser recebido com entusiasmo pelo público e pela crítica de todo Brasil, COM TODAS AS LETRAS chegou a Nova York. O TDC – The Type Directors Club – reuniu as obras de arte caligráficas criadas para o álbum, em uma exposição inédita intitulada “With All the Types & Lyrics”, que ficou em cartaz durante 6 meses em NY e depois seguiu para Lisboa e América Latina. Na noite de inauguração no TDC houve uma mesa de bate-papo com a presença de Kleiton & KledirFelipe Taborda (diretor de arte do disco e curador da exposição) e de calígrafos que fizeram parte do projeto: Roberto de Vicq de Cumpitch (USA), Alejandro Paul (Argentina) e João Brandão (Portugal).

COM TODAS AS LETRAS – Filme Documentário

Direção e Roteiro: Gustavo Fogaça

LIXO E PURPURINA – Lyrics Vídeo

Kleiton & Kledir e Adriana Calcanhotto

Depoimentos dos Parceiros

luis fernando verissimo

“O desafio é grande, porque letra de música não é prosa, não é poesia… é uma terceira coisa. E eu nunca tinha escrito uma letra de música. Confesso que só aumentou minha admiração pelos letristas. É um trabalho difícil.”

claudia tajes

“Pra mim foi desde o início uma surpresa, nunca pensei que eu ia fazer uma letra pra Kleiton & Kledir.”

MARTHA MEDEIROS

“Eles [K&K] me fizeram colocar a mão na massa. Moça obediente, segui todas as instruções e acabei recebendo, em troca, momentos que costumam ser incluídos na série “me belisca”. Entre eles, audições privadas em pleno sofá da minha sala. Os guris cantaram, compuseram e se divertiram com a farra da criação. Show privado. Foi quando a escritora aqui abandonou o papel de coautora e voltou a ser apenas a fã de sempre, aquela que escutava no rádio sucessos como “Deu pra ti” e “Nem pensar” e que nem em sonhos imaginava que um dia iria partilhar dessa intimidade, virando amiga dos caras.”

FABRÍCIO CARPINEJAR

“Quando fui convidado para compor com Kleiton e Kledir, fingi que não era nada. Juro, tratei como se não fosse nada. Para evitar colapso nervoso. Fiz de conta que não era a dupla que fez meu coração nos anos 80, quando era adolescente, e que me inspirou a escrever descaradamente de Porto Alegre e jamais disfarçar o “tu” gritado.”

LETICIA WIERZCHOWSKI

“Sempre admirei o poder de passar uma ideia, um sentimento, com uma letra de música. A precisão cirúrgica de provocar uma emoção em poucos minutos, e o que deve ser a energia de gerar uma emoção coletiva, vendo as pessoas cantarem em coro uma música – nós, escritores, escrevemos na solidão. (…) Os guris K&K vieram com esta ideia de fazer música com escritor. Eles vieram com a sua alegria – não existe baixo astral com esses dois – e foram pacientes com os meus medos, com a minha timidez escorregadia(…).”

LOURENÇO CAZARRÉ

“Veio-me então a ideia de transcrever em versos de sete sílabas trechos de uns contos pelotenses. Meti o machado nuns causos enfeitiçados e arranjei umas dezenas de versos, que remeti aos irmãos.”

aLCY CHEUICHE

“Nossa canção nasceu após algumas horas de um encontro memorável. Foi aqui onde moro, na parte alta de Porto Alegre, onde um dia giraram os moinhos de vento, que recebi a visita dos irmãos Kleiton e Kledir. A missão: sintonizarmos nosso processo criativo, antes de colocar esse mecanismo misterioso em funcionamento.”

Paulo Scott

“As músicas de Kleiton & Kledir estavam no molde das coisas que eu considerava, e ainda considero, mais geniais, das referências com as quais tento dialogar até hoje. Ter a chance de conviver com eles, com a sua genialidade foi sorte grande. Às vezes minha preocupação era única e exclusivamente não atrapalhar, ficar meio de lado deixando os dois pensarem, criarem, trabalharem, aproveitando o tanto que eu pudesse a oportunidade do testemunho.”

Luís Augusto Fischer (curador):

“A lista de escritores foi concebida pensando no critério de abrangência, quer dizer, a ideia foi tentar colocar gente de várias gerações. E de estilos e temperamentos diferentes.”